Da vez que senti que fracassei com meus alunos
Em meus quase 20 anos de sala de aula, são poucas as frases de impacto que me causam algum impacto. No entanto, ao ler a seguinte declaração do economista Ricardo Aronskind, me deparei com a áspera realidade do pensar capitalista que nos consome: "Se matar para roubar um celular é errado, mas matar para recuperar um celular é aceitável, o que é proibido não é matar, e sim violar a propriedade privada. O sagrado não é a vida, é a propriedade". Na época, imanginei que tal reflexão não poderia deixar de passar em uma das minhas turmas dado o incômodo provocado pelas palavras do economista. Tive certeza de que a minha aula da semana estava garantida. Iria causar aquela comoção. Com certeza sentiriam vergonha do egoísmo, do narcisismo que carregam. Ela renderia muitos minutos de um encontro com a consciência de cada um. Afinal, o que vale mais? Uma vida ou um maldito de um aparelho celular que pode ser comprado em VINTE E QUATRO parcelas e que em gigantesca maioria das vezes é u